Imagine a situação: você trabalha durante 12 meses e espera pelas tão sonhadas férias para viajar e relaxar. Escolhe o destino, faz todo o planejamento, compra as passagens, reserva o hotel e lista os passeios e lugares que você quer conhecer. Essa é uma experiência boa, correto?
Imagine, também, que você juntou dinheiro durante alguns meses e, ao final do ano, comprou um bem material que você queria muito: pode ser um smartphone, uma TV ou mesmo um carro. Essa também é uma experiência boa!
Por outro lado, embora as duas situações deixem as pessoas felizes, uma delas é capaz de provocar um sentimento de satisfação que se prolongue por muito mais tempo do que a outra.
Nós já abordamos anteriormente se é melhor investir em novas experiências ou em bens materiais, levando em consideração o papel emocional que essas compras ou experiências despertam nas pessoas. Em linhas gerais, esse debate iniciou-se a partir de uma pesquisa conduzida pelo doutor em psicologia Thomas Gilovich, professor da Universidade de Cornell (EUA).
Gilovich concluiu que, ao gastar dinheiro com objetos, as pessoas tendem a se cansar deles mais facilmente e substitui-los por novas compras. Com as experiências, ocorre o contrário: elas se reciclam com o passar do tempo. É claro que essa é uma percepção que muda de uma pessoa para outra, mas, como o dinheiro é um recurso limitado para todos (ou pelo menos para a maioria das pessoas), o ideal é gastá-lo em coisas que tragam memórias duradouras.
Há pessoas que se sentem felizes ao saírem de um shopping com sacolas cheias de compras; já outras preferem pagar para fazer algo que ainda não fizeram (como assistir a um espetáculo de música/dança/teatro ou “turistar” em uma cidade nova).
Vendo por este lado, ao sair do shopping com suas compras e chegar em casa, sua felicidade estará alta, mas pode durar um curto período de tempo. Ao passo em que ela vai diminuindo, você sente a necessidade de fazer uma nova compra, justamente para manter a sensação de felicidade. Por vezes, esse consumismo pode criar comparações que são prejudiciais às relações humanas, como sentimentos de inveja por alguém que tem um objeto melhor do que o seu ou uma eterna paranoia de que “a grama do vizinho é sempre maior”.
No caso da experiência em viajar para uma cidade nova, conhecer suas paisagens, costumes e gastronomia, o sentimento de felicidade tende a durar mais, seja através de fotos, de memórias com quem compartilhou a viagem com você ou de histórias que você vai contar para seus amigos, família, colegas de trabalho etc. Essas experiências tornam-se parte da sua identidade e, muitas vezes, você terá vontade de repeti-las.
Do ponto de vista material, o valor da experiência varia do quanto você deseja ou sonha com essa vivência (ao contrário de um objeto que, na maioria das vezes, tem um valor único). Por exemplo, ao viajar para um lugar que você queira muito ir, você pode optar por mais ou menos dias de hospedagem dependendo da sua vontade. Se você quer assistir ao show da sua banda preferida, você vai gastar de acordo com a sua vontade: talvez comprar um ingresso mais próximo ao palco; talvez comprar um ingresso no camarote. Esses gastos são mais imensuráveis.
É como diz aquela famosa frase: “certas coisas na vida não têm preço”. De fato, não têm. Fazer alguém feliz, por exemplo, é uma forma de perceber que as vivências têm valores maiores do que o preço pago por elas. Uma experiência aparentemente simples como uma tarde no boliche com a família pode ser muito rica. Uma massagem relaxante após um dia intenso de trabalho traz uma série de benefícios para o corpo e a mente. Jantar em um restaurante diferente, principalmente se você estiver na companhia da família, amigos ou companheiro(a), é um programa que aproxima as pessoas e renova suas energias.
Aliás, qualquer experiência que te passe a sensação de ser um bom investimento em longo prazo é bastante benéfica para a sua vida!
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